Pouco mais de uma semana após o PSDB realizar uma convenção nacional que aprovou a incorporação do Podemos, as duas legendas decidiram encerrar as negociações e descartaram fazer qualquer tipo de união, por falta de acordo sobre com quem ficaria o comando nacional do “novo” partido.
Diante dessa reviravolta política, o Correio do Estado procurou o presidente estadual tucano e tesoureiro nacional da sigla, o ex-governador Reinaldo Azambuja, para saber quais os caminhos que serão tomadas de agora em diante. O cacique do PSDB disse que ficou satisfeito com o ocorrido, revelando o novo foco da legenda.
“Vida que segue! Agora, vamos concentrar todos os nossos esforços para formar uma federação com o Republicanos”, declarou Azambuja à reportagem, explicando que é um consenso da executiva nacional do partido mirar essa nova federação, que ainda pode incluir o MDB e o Solidariedade.
“Quem sabe ainda até o próprio Podemos, já que, diferentemente de uma incorporação, haveria menos necessidade de disputa para o comando da nova estrutura”, analisou o ex-governador, que sairá candidato a senador da República no pleito do próximo ano em Mato Grosso do Sul.
Apesar de Azambuja não confirmar se ficará ou sairá do PSDB com essa nova possibilidade de ampla aliança com até quatro partidos, a chance de que ele e o governador Eduardo Riedel permaneçam no ninho tucano cresceu exponencialmente.
No entanto, tal fato pode frustrar os planos do PP, da senadora Tereza Cristina, e até do PL, do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, já que a parlamentar sul-mato-grossense dá como certa a filiação de Riedel, enquanto o segundo também conta com Reinaldo para as eleições de 2026.
A nova estratégia do PSDB é apostar em uma federação, que, diferentemente de uma fusão ou incorporação, pode ser desfeita após quatro anos e mantém a estrutura e a autonomia dos comandos internos de cada partido, ainda que seja preciso que as legendas tenham as mesmas posições nas eleições e no Congresso
Nacional.
Uma federação permite somar os resultados nas eleições para deputado federal de todos os partidos que a compõem, o que facilita ao grupo cumprir os requisitos da cláusula de desempenho, que limita quem pode ter Fundo Partidário e tempo de propaganda no rádio e na televisão.
VELHOS ADVERSÁRIOS
Na eventualidade de a federação com o Republicanos contar também com o MDB, Reinaldo Azambuja terá, pela primeira vez, o ex-governador André Puccinelli do mesmo lado na disputa pelo comando da Governadoria, já que, nas outras eleições para governador, os dois sempre estiveram em equipes antagônicas.
Em 2014, quando Azambuja foi eleito para o primeiro mandato, André ficou do lado do ex-prefeito Nelsinho Trad (MDB), que não conseguiu avançar para o segundo turno, enquanto no pleito de 2018, quando o tucano foi reeleito, Puccinelli lançou o então deputado estadual Junior Mochi (MDB).
Já em 2022 o ex-governador lançou Riedel, que tirou o emedebista de ir para o segundo turno e acabou por derrotar também outro adversário, o ex-deputado estadual Capitão Contar (PRTB).
É fato que ambos estavam no mesmo barco na disputa pela Prefeitura de Campo Grande, porém, nesse caso, o candidato de ambos, o deputado federal Beto Pereira (PSDB), acabou nem chegando ao segundo turno, perdendo para a ex-deputada federal Rose Modesto (União Brasil), que acabou sendo superada pela atual prefeita Adriane Lopes (PP).
Atualmente, o PSDB está em uma federação com o Cidadania, mas, por discordâncias em inúmeros estados, essa união será desfeita quando perder a validade, ou seja, no começo de 2026. Dessa forma, o partido poderá formar uma nova federação com outros partidos, sem nenhum impedimento por parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).